sábado, 9 de maio de 2009

Condes de S. João de Ver – 102 Anos de (muita) História

Passados mais de 102 anos devem ser poucos os feirenses que sabem da existência dos condes de S. João de Ver e mesmo aqueles que o sabem não devem ter conhecimento da importância histórica desta família para as “Terras de Santa Maria”. O título de conde foi atribuído ao médico cirurgião João Augusto da Cunha Sampaio Maia a 25 de Junho de 1904. Este era sobrinho de Joaquim de Sá Couto, membro de família também distinta. Desde já percebemos que existem duas famílias poderosas que juntas formam um núcleo ainda mais poderoso. Durante o século XX este núcleo vai impulsionar o progresso para a região. Um primeiro aspecto a reter é o amor desta família pela «sua» terra já que nunca abandonaram as propriedades em S. João de Ver e Oleiros. Ainda mais. Investiram a sua fortuna na melhoria destas localidades. A esta família está ligada a exploração e crescimento das fábricas de papel de Candal de Cima, Candal de Baixo, Engenho Velho e fábrica de Ponte Redonda. Não me irei debruçar sobre este tema porque já existem obras valiosas sobre a indústria do papel como a escrita por Maria José Ferreira Santos “A Indústria do Papel em Paços de Brandão e Terras de Santa Maria”. Outro aspecto muito importante ligado a esta família é a edificação do Hospital de S. Paio de Oleiros. No boletim do Hospital Asilo de S. Paio de Oleiros de Junho de 1970 encontramos a história do nascimento deste Centro Médico. A 24 de Janeiro de 1902 morre o Comendador Joaquim de Sá Couto e no testamento ele deixa o seguinte: “Nomeio meu testamenteiro o médico cirurgião João Augusto da Cunha Sampaio (…) Quero que da minha herança se separem cento e vinte contos de reis (…) O meu testamenteiro compre terrenos dentro da freguesia de Oleiros, onde mande construir um edifício nas condições modernamente aconselhadas pela ciência para Hospital, destinado a receber e tratar doentes pobres (…) Mandará também construir um edifício para Asilo, destinado a receber e sustentar gratuitamente pessoas pobres”. O Hospital foi inaugurado a 11 de Janeiro de 1909 e no dia seguinte era capa do Primeiro de Janeiro onde dizia: “ O hospital-asilo é um modelo no género e faz honra à sábia direcção do sr. Conde de S. João de Ver, que é também um médico ilustre. O aceio [sic] é primoroso. A higiene foi rigorosamente mantida. Rivaliza com os melhores do nosso paiz.” No jantar que se seguiu na casa do conde em Oleiros estiveram imensas individualidades ilustres. O presidente da Câmara, Bispos, padres e celebridades da época.Relativamente à família Sampaio Maia deixo alguns dados biográficos desde a criação do título. João Augusto da Cunha Sampaio Maia, 1º conde de S. João de Ver. Este foi médico de renome, monárquico convicto, político, presidente da Câmara da Feira e fundador do Hospital de Oleiros. O seu filho, Ângelo de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia, não pretendeu o título de conde, mas foi figura de destaque nesta família. Foi deputado, Presidente da Câmara de Lisboa e ministro do trabalho sendo-lhe atribuído a concretização da passagem para 8 horas diárias de trabalho. O seu filho, António Caetano Machado da Silva de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia tornou-se no 2º Conde de S. João de Ver. Foi oficial do exército e presidente da fundação Comendador Joaquim de Sá Couto. O seu filho e actual 3º Conde é Fernando José Gramaxo de Sampaio Maia, presidente de diversas instituições, político, professor e monárquico convicto. Também ele figura da praça pública. Para terminar agradeço a forma como o Dr. Fernando Sampaio Maia me recebeu e me auxiliou mostrando uma enorme paixão e orgulho pelo património familiar. Muita da História de Santa Maria da Feira está na Quinta da Torre e felizmente o proprietário mostra sensibilidade para preservar este espólio e para proporcionar aos especialistas o seu estudo.

Arvore Genionlógica dos condes de São João de Ver